11 agosto, 2012

Resenha: "O Guardião" - Daniel Polansky

 Demorei um bom tempinho para terminar de ler esse livro, mais do que eu deveria e mais do que eu gostaria. Entretanto, não pense que isso foi porque a qualidade do livro o fez, foi apenas a falta de tempo. Bem, estou aqui agora para compensá-lo e mostrar para você o quão surpreendente pode ser um livro.


Trilogia: Cidade das Sombras - Livro 1
Título: O Guardião
Autor: Daniel Polansky
Páginas: 448
Editora: Geração Editorial
Ano: 2012
ISBN: 978-85-8130-060-3
Categoria: Literatura Norte Americana
Classificação: *****

Sinopse: Anti-herói desencantado combate o crime num mundo assombroso; poderá se redimir ao investigar o mais hediondo dos assassinatos?
 Imagine um policial noir como os de Raymond Chandler e James Ellroy com o ritmo sanguinolento dos filmes de Quentin Tarantino e a fantasia de O Senhor dos Anéis, num cenário como a Los Angeles de Blade Rubber, onde os policiais não querem ver nada que não convenha e convivem com gangues multiétnicas de assassinos, prostitutas, contrabandistas, drogados e traficantes.
 Pelas ruas sujas desse mundo devastado, em meio a uma fauna corrupta de que é prudente desconfiar a todo mundo, vaga o "Guardião", um tipo solitário e desiludido que viveu como combatente numa grande guerra, sobreviveu a uma peste e leva a vida como narcotraficante. Ele se droga para suportar seu cotidiano sórdido e investiga o cruel assassinato e estupro de uma garotinha.
 Cidade das Sombras é uma trilogia fantástica, cujo primeiro volume é este alucinante romance de estreia que inaugura um novo gênero: a "fantasia noir".
Tenso, com um suspense crescente, O Guardião surpreende pela ousadia, assusta com a previsão de um futuro sombrio para a humanidade e garante uma leitura de impacto do começo ao fim.

Sobre o autor: Daniel Polansky nasceu em Baltimore, Maryland. Ele vive atualmente fora dos Estados Unidos. O Guardião é seu primeiro romance.

Resenha

 Como sempre, demorei uma eternidade até decidir que seria esse livro a comprar. Fui até a livraria do shopping da minha cidade e "O Guardião" foi um dos primeiros que eu olhei, pois havia chegado a apenas uma semana e estava em um lugar estratégico. Na hora achei sua capa incrível e sua sinopse melhor ainda, mas decidi ver mais alguns antes de dar o veredicto final. Uma hora depois saí de lá com esse livro maravilhoso em mãos, sem nem ao menos me dar conta de que todas as expectativas que eu alimentava eram poucas em relação a ele. 
 Aquilo que diz na sinopse do verso do livro - a que usei aqui na resenha - está certo! Contudo, acho que não foi uma mistura de Quentin Tarantino e J. R. R. Tolkien. Acho a literatura de Tolkien muito "bonitinha" para uma comparação dessas, embora seu lado sombrio seja incrível. O autor que eu usaria para comparar nos termos do "sobrenatural" desse livro seria Stephen King. Então, sabendo disso, imagine qual seria o resultado de uma mistura assim? 
 O nome do personagem principal é desconhecido. Os que dialogam com ele durante o livro nunca o pronunciam, deixando uma lacuna no texto que trás uma tensão no ar. Só sabemos que ele é chamado de "O Guardião" porque ele deixa bem claro no início e algumas poucas pessoas durante poucas vezes o dizem. Sempre achei que isso dá um suspense, e essa foi uma semelhança que encontrei com a narrativa de King, pelo menos em uma de suas criações.
 A Cidade das Sombras é sua morada. Um lugar que condiz perfeitamente com as características do narrador e personagem principal. Mistérios e magia, envolto pela perdição das várias raças que ali vivem e que se sucumbiram ao medo e às drogas que ali permanecem. O Guardião é um traficante e usuário de drogas, mas nem sempre sua vida foi assim. Ele nunca foi dos mais dignos homens, mas já esteve do lado oposto ao crime e exerceu suas funções com perfeição. 
 O primeiro corpo é encontrado pelo Guardião. Uma garotinha, que é estuprada e morta de maneira tão  peculiar que atrai sua atenção. Seguindo pistas ele vai atrás do assassino, mas este é morto diante de seus olhos por algo ainda mais estranho. Uma criatura do vazio, invocada pelos mestres da Arte, que trás às suas vítimas um sofrimento inigualável. Contudo, mais crianças somem e o Guardião, maior suspeito e com vários inimigos de longa data, é obrigado a ir à procura dos verdadeiros autores daqueles terríveis crimes.
 Tudo na história é impactante. Desde o cotidiano até os personagens que preenchem o contexto e são quase que irrelevantes trazem para a leitura algo novo, que eu não sei exatamente como explicar. E os que sempre aparecem reforçam ainda mais isso, como seu amigo Adolphus, dono do bar em que ele morava, o Conde Sinuosa,  e seu "pupilo" Garrincha, um delinquente mirim exatamente como ele foi quando jovem. 
 De início fiquei meio receosa, mas até mesmo o vocabulário cheio de palavrões contribuiu para que eu chegasse a essa conclusão. O personagem principal é fantástico. Um homem feio, de 35 anos, envelhecido precocemente pelo sofrimento do passado e pelo uso de substâncias suspeitas, ignorante e sarcástico. Adorei o jeito dele, suas falas cheias de ironia, mas cheias de vivacidade e frieza ao mesmo tempo. 
 NUNCA li nada igual e creio que nunca irei ler. Com certeza Polansky deu início à um novo gênero, que promete muito à nós leitores loucos pelo surreal. É uma narrativa fácil de entender, embora tenha suas características únicas. Alguns graves erros de edição poderiam ter comprometido a estória, mas parece que nos 3 últimos capítulos me esqueci completamente deles. O final foi SURPREENDENTE. Meu coração foi à mil! 
 "O Guardião" se tornou um dos melhores livros que já li por ter sido tão impactante. É uma das jóias literárias capaz de acabar com os pré-conceitos e modismos adquiridos pelos leitores da atualidade. Sua singularidade encanta mesmo com todo o lado sombrio e nos leva a uma experiência nunca antes imaginada.


Trechos

 Diante de mim estava o corpo de uma criança, terrivelmente contorcido e enrolado em um pano ensopado de sangue.

Parece que eu tinha encontrado a pequena Tara. 

De repente fiquei sem apetite. Atirei meu jantar na sarjeta." Página 16.

 A criatura parou a alguns metros do gigante. A parte inferior da mandíbula parecia deslocada, puxada uns quinze centímetros para baixo para revelar o vazio arroxeado.

-Não era para a criança ter sido maltratada - disse a criatura. Sua voz era esganiçada como porcelana quebrada e uma mulher ferida. - Como ela sofreu, agora você sofrerá - prosseguiu." Página 86.

-Você é um homem frio.

-Este é um mundo frio. Eu apenas me ajustei à temperatura." Página 245.


Espero que tenha gostado da resenha!
Por favor, comente,
e acredite quando digo que um livro é bom.
Mas só lendo para comprovar...
:)
Até mais!
Abraços...



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9 comentários:

  1. nossa muito bom, adoro esses cenários pós apocalípticos, mas não gosto muito quando tem criança na história não por achar que é antiético ou muito forte, é porque os autores nunca dão a violência necessária á história quando tem criança mas só lendo o livro pra ver se esse é o caso...
    e é bem estranho um povo que vive uma decadência dessa se importar com crianças sendo mortas...

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    1. Oh amor esse eles deram sim violência, mas a que mais apareceu foi a primeira. Os outros corpos não foram muito falados...
      Ah é porque apesar de toda a decadência ainda tinham algumas famílias mais tradicionais, e as crianças mortas faziam parte delas, por isso deu repercussão.
      *--*

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  2. Agora fiquei com mais vontade de ler *-*
    Beijos e obrigada.

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    1. Ai que maravilha! Fico muito feliz com isso viu?
      :)
      Volte sempre!

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  3. Realmente, parece ser muito bom!!! ADOREI A SUA RESENHA!!!

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  4. Gih :)
    Como vai?
    Adorei a resenha *-*
    Não é falado o nome do pers. principal? Isso me deixou curioso *-*

    Estou seguindo aqui >.<
    Beijos e cuide-se

    www.rimasdopreto.com

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    1. Pois é! Terminei de ler sexta-feira e já estou ansiosa pelo livro 2 rsrs. Embora este tenha tido um "final", pois aconteceu tudo o que tinha que acontecer. O próximo deve narrar uma continuação à parte, sem muita ligação, creio eu. :)
      Até mais!
      Voltei sempre rsrs.

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  5. Olá,
    Acredita q eu tenho esse livro e ainda não li? Mais depois de sua resenha, não da mais para ser indiferente a este livro, começarei hj mesmo a lê-lo,(e ainda bem que já foi lançado o segundo volume rsrsrs) parabéns pela resenha, muito boa!!!

    Abraços e boas leituras!

    http://ameninaeovento2.blogspot.com.br/

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