26 julho, 2013

Comemoração do dia do escritor [Último conto escrito]

Sim, eu sei, estou atrasada. O dia do escritor foi ONTEM, dia 25/07, e hoje já é sexta-feira, dia 26. Mas, embora acredite que já tenha feito uma espécie de homenagem ao dar uma SUPER notícia de um autor parceiro, vou mostrar pra vocês o último conto que escrevi como comemoração oficial.
Feito a um booom tempo atrás, este conto surgiu da união entre a inspiração vinda de um jogo que na época eu estava viciadaça e a paixão por uma música específica da trilha sonora de um filme. Pra falar a verdade, uma coisa não tem ABSOLUTAMENTE NADA a ver com a outra. O jogo é feminino, o filme, bem... é Resident Evil 5 kkkkk. E a música é aquela perfeição que toca na primeira cena... O nome dela é Flying Through The Air
Mas porque diabos eu fiz essa junção??? Sentimento. Ambos (jogo e música) me traziam sentimentos naquele momento que nada tinham a ver com o que eles de fato representavam. Criei uma história nova a partir da ideia do jogo e "voei pelo ar" com ela. Então, vejam o resultado! 
Ah, e quem quiser ler enquanto ouve a música, tem alguma sincronia (que só percebi muito depois!), mas depende do ritmo de leitura e sentimento colocado nas palavras... Eu, por exemplo, consigo quando leio em voz alta e prolongo um pouco as pausas (é meio automático), porque trago de volta os sentimentos que extraí pra colocar no conto quando o escrevi.
Bom, espero que gosteeeem... *----*

Flying Through The Air


Pra quê esse súbito interesse pelo céu? A imensidão azul parecia tão monótona há apenas algumas horas... Na realidade, o céu sempre estivera ali: límpido, pacífico, belo. Mas a vida se tornara tão tumultuada que olhar e admirar o impalpável parecia-lhe supérfluo, principalmente porque sempre há várias atividades, supostamente tão inúteis quanto, a serem realizadas.
 Todavia, naquele momento deixou tudo para trás e mergulhou no espaço. Deixou a mente, como uma simbiose, unir-se ao nada. Mesmo sem perceber, sua alma viajara durante aqueles minutos, deslizando no infinito, misturando-se à essência do universo. As sensações em terra, ainda que apreciáveis, não mais faziam parte de sua realidade. 
 Não notara a grama, levemente fria, tocar-lhe os braços nus. Muito menos a melodia das secas e alaranjadas folhas outonais que era despertada com a passagem da brisa; brisa esta que acariciava sua pele, quase tão aveludada quanto um corpo de mulher: macia, singela, onde a cada toque pode ser realizada uma nova descoberta.
 Mal sabia ele que em breve experimentaria essas sensações, não pela brisa, mas pelo objeto em que certa comparação pode ser feita. Seu ouvido esquerdo detectara passos leves vindo lentamente naquela direção. Interrompera sua viagem pelo recanto dos deuses, mas ao olhar do que se tratava pareceu quase estar entre anjos. 
 Ela andava como se simplesmente flutuasse sobre o chão. A garota possuía olhos castanhos tão claros que davam impressão de serem amarelos, ou melhor, de serem dois sóis, que faziam meros mortais mergulharem numa galáxia de paz e serenidade. Enquanto isso, seus longos cabelos eram um reflexo do universo, com todo o seu brilho em meio à escuridão tão negra a ponto de se tornar levemente azulada.
 No fim, a contemplara como ao céu alguns segundos antes. Uma ofuscante estrela surgira para, com seu brilho, iluminar uma solitária nuvem de chuva, que até então só podia escapar de sua penúria ao apreciar o espaço vazio que a envolvia. Até aquele momento, era uma pobre criatura que vivia em meio ao purgatório.
 Mas aquilo acabara agora. Não estava mais em terra, flutuava novamente. E a última sensação mundana obteve momentos antes de ela chegar-lhe a um metro de distância e parar. A garota abriu seus lindos finos lábios e, em cinco palavras, fez entoar a mais bela das melodias:
- Estou perdida, poderia me ajudar? – e ela sorriu, confirmando a teoria de qual era sua verdadeira identidade... Nada mais, nada menos que um anjo em forma de mulher, uma estrela presa na humanidade, cuja beleza representa exatamente o que é fora dela.
 Ele teve certeza de que, finalmente, estava apaixonado. Completamente. E que estava errado ao afirmar que amor à primeira vista não era real, ou que o próprio amor não existia. Aquele sentimento passou a fazer parte de sua existência por causa da garota perdida. A garota perdida no parque era a parte que faltava em si.

Um comentário:

  1. Nada melhor do que comemorar o dia do escritor do que com um texto incrível desses! Uau, sua escrita é bastante envolvente, cativante e de ideais profundos, e a história me fez mergulhar em um mundo completamente melancólico... Parabéns!
    Gostei muito do seu blog, estou seguindo!
    O meu ainda está no início, quando puder fazer uma visitinha por lá, ficarei muito feliz em te receber!

    Abraços!

    Peças de Oito

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