25 setembro, 2012

Resenha: "O Perfume" - Patrick Süskind

 Mais um livro que eu simplesmente DEVOREI! Menos de uma semana para concluir sua leitura, que me surpreendeu a cada capítulo, e a qual você irá conhecer um pouco agora...

Título: O Perfume
Subtítulo: A História de Um Assassino
Autor: Patrick Süskind
Páginas: 218
Editora: Record
Ano: 1985
Edição (ano): 2008
ISBN: 978-85-01-02776-4
Categoria: Romance alemão
Classificação: *****
Skoob: O Perfume

Sinopse¹: Um dos maiores sucessos literários de todos os tempos, O Perfume foi publicado em 1985, tornando-se um fenômeno editorial. Ao longo de duas décadas, a história do órfão Jean-Baptiste Grenouille conquistou leitores de todo o mundo, alcançando a marca de 20 milhões de exemplares vendidos em mais de 43 países. O diretor alemão Tom Tykwer (Corra, Lola, Corra) resolveu adaptá-lo às telas do cinema em uma superprodução memorável, que preserva toda a originalidade do livro.

Sinopse²: O Perfume narra a vida de Jean-Baptiste Grenouille, um homem rejeitado pela natureza, que lhe nega o direito de exalar o cheiro característico dos seres humanos; pela mãe, que o abandona à própria sorte junto a restos de peixes; pelas amas-de-leite, em quem não desperta qualquer instinto maternal; e pelas instituições religiosas, que não aceitam a diferença.
 Sobrevivendo e enfrentando acidentes e doenças, Jean se torna adulto preso a um corpo cicatrizado. Quando descobre ser dotado de uma imensa sensibilidade olfativa, parte em busca da essência perfeita, do perfume que lhe falta para atingir o que mais almeja: ser um homem completo e amado. E, para isso, seria preciso usurpar esta essência de vida dos corpos de suas vítimas.
 Nesta obra incrível, Süskind promove um malabarismo de palavras que inquieta o leitor e, ao usar uma linguagem densa e impetuosa, combina tons envolventes, construindo uma metáfora da morte que celebra a vida.

Sobre o autor: Patrick Süskind nasceu em 1949, em Ambach, Alemanha. Antes de se tornar escritor, estudou história e escreveu roteiros para a televisão. A troca de profissão se mostrou um presente para leitores e editoras e, já em seu romance de estréia, O Perfume, de 1985, causou furor no mercado editorial. Do anonimato diretamente para os principais veículos de comunicação, Süskind transformou-se em fenômeno mundial.
 O autor também se dedicou a peças teatrais. O Contrabaixo é até hoje representada nos palcos da Alemanha, Suíça e Áustria. No Brasil, a obra foi representada com sucesso por Antonio Abujamra. Dentro outras obras do escritor destacam-se A Pomba e Um Combate e Outros Relatos. Patrick Süskind vive atualmente em Munique.

Resenha
 É difícil explicar esse livro. Transmitir a sua verdadeira essência em uma resenha é definitivamente impossível! Fiquei conhecendo-o a pouco tempo, quando conversava com uma colega do cursinho que também adora ler e ela me revelou que este é o seu livro favorito. Decidi então ver se era tão bom assim. Não se tornou o meu favorito de todos os tempos, mas com certeza me surpreendeu com essa história fantasiosamente envolvente. 
 O primeiro ponto que gostaria de abordar é na questão da narrativa. TOTALMENTE diferente do que já li, Süskind conseguiu tornar uma história que de tão surreal é quase que boba em uma verdadeira obra-prima. É algo muito dinâmico e ao mesmo tempo suave, com críticas à época em que é retratada a história - século XVIII - nítidas e ao mesmo tempo sutis. Uma França totalmente nova, não mais tão embasada nos "olhares", mas nos odores...
 Abandonado pela mãe, que iria deixá-lo para morrer depois de nascido igualmente aos seus outros quatro filhos, Grenouille cresce em Paris completamente rejeitado e deslocado. Causara pavor à todas as pessoas relativamente sãs. Com peculiar desinteresse à fala e à todo o tipo de coisa ele só tem um interesse no mundo: os cheiros. Seu nariz sem dúvidas poderia ser considerado o melhor que o mundo já viu ou cheirou. Tinha em sua memória um banco de dados com cada cheiro distinto que já chegou a sentir, apreciando toda e qualquer nova descoberta. Conhecia todo tipo de substância e até mesmo cada pessoa apenas pelo perfume ou odor que ela emitia, e nunca mais se esquecia. 
 E assim ele vivia, em seu mundo dos cheiros, indiferente à tudo e à todos mais, sem ligar para a dor, o amor ou sua aparência, mas ninguém ligava! Ele era quase que invisível. Ele próprio não emitia cheiro algum, o que veio a causar-lhe perturbações em sua fase adulta.
 Ainda adolescente e determinado em trabalhar com os perfumes, Grenouille consegue a vaga de "assistente" com um perfumista muito famoso e assim mostra suas habilidades, podendo recrear os mais diversos perfumes e também fazer novos completamente estonteantes para os meros humanos de olfatos normais.
 Entretanto, um aroma único e especial surge. Leve, suave, fruto da perfeita combinação de vários outros. Uma jovem, ainda em fase de desenvolvimento, ruiva é a sua fonte. E ele deseja de todo o seu nariz coração sentir e ter aquele perfume. Assim, aos 15 anos ele realiza seu primeiro assassinato, se contentado em guardar na mente aquela fragrância quase que perfeita, porém isso foi só o início de algo muito maior. Alguns bons anos depois, não mais em Paris, um assassino vai deixar todos emitindo o pior dos odores: medo.
 Sim, o livro é MUITO fantasioso, mas a história é simplesmente SENSACIONAL. É lógico que de lógica não tem nada, ainda assim a trajetória de Jean-Baptiste foi mais que incrível, simplesmente estupenda. Um contexto único, original, que me levou a ter pena desse pobre coitado e mais outros diversos sentimentos, mas nunca raiva ou ódio, apenas repulsa algumas vezes. 
 Cientificamente falando, é comprovado que os odores têm mais efeito em nós do que nos damos conta afinal. É meio que inconsciente às vezes, o que nos deixa pensar em como o nosso cérebro capta coisas tão estranhas. Um exemplo que - nós mulheres - sabemos muito bem! Dependendo da época do mês estamos praticamente irresistíveis! E não, isso não quer dizer que você é a futura Miss Universo nem a Rainha da Cocada Preta... Ferormônios! E isso é de comer, de beber, de passar no cabelo? Nada disso! Mesmo que não percebamos exalamos uma coisa que nos deixa irresistíveis! kkkkk É um exemplo bobo, mas convincente. Grenouille consegue sentir em detalhes os cheiros que para nós são "superficiais" e ainda aqueles que nem mesmo percebemos! Pode ser meio impossível, mas é uma história genial!
 O final posso definir com três palavras: Revoltante - no bom sentindo -... Sensual - no mau sentido- ... Macabro - num sentido indefinido -. Eu simplesmente adorei! Achei surpreendente, assim como toda a história. O livro fez jus à sua fama, é simplesmente digno de ficar eternamente preso à memória. Não tanto quanto os aromas de Grenouille, mas numa grande fração de nossas mentes pequenas e nossas habilidades olfativas pouco desenvolvidas.

Trechos

 Eu havia separado alguns trechos para divulgar aqui, mas todos se comparados à descrição na primeira página se tornou muito supérfluo. Mesmo que não acrescente muita informação da história em si, vou mostrar-lhe assim mesmo esse magnífico segundo parágrafo de O Perfume.

 Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, as salas fediam a poeira, mofo; os quartos, a lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fedia o enxofre; dos curtumes, as lixívias corrosivas; dos matadouros fedia sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; da boca eles fediam a dentes estragados, dos estômagos fediam a cebola e, nos corpos, quanto já não eram mais bem novos, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas. Fediam os rios, fediam as praças, fediam as igrejas, fedia sob as pontes e dentro dos palácios. Fediam o camponês, o padre, o aprendiz e a mulher do mestre, fedia a nobreza toda, até o rei fedia como um animal de rapina, e a rainha como uma cabra velha, tanto no verão quanto no inverno. Pois à ação desagregadora das bactérias, no século XVIII, não havia sido ainda colocado nenhum limite e, assim, não havia atividade humana, construtiva ou destrutiva, manifestação alguma de vida, a vicejar ou a fornecer, que não fosse acompanhada de fedor." Página 11

 E esse parágrafo, completamente nojento e repugnante criou meu fascínio inicial por esse livro. Foi uma das melhores e mais envolventes descrições que já pude ler e ficará para sempre em minha memória, tornando-se o melhor fedor que já li...

Espero que tenha gostado da resenha!
O livro é realmente muito bom, e fiz questão de ver o filme.
Vale a pena também, mas o livro é melhor, 
faz mais sentido em algumas partes,
embora no filme criaram algumas explicações mais lógicas em outras.
Interessante é que muitas das falas do narrador
são exatamente iguais às do livro...
Me lembrei porque são realmente marcantes.
Enfim, não deixe de ler O Perfume,
e assistir Perfume - não tem o "O" no filme-!
Um  cheiro para você kkkkk
:)
Até mais!

10 comentários:

  1. Eu estava conversando com uma guria da minha van esses dias e ela me falou sobre esse livro! Fiquei ansiosa pra ler, e já está na minha lista. Parece que, de uma maneira meio macabra o autor nos faz ter dó de um personagem que foi "engolido" pelas circunstacias da vida!
    Quero muitooo ler! *-*

    Beijos,
    Tau
    @HLavelle

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    1. kkkkk O pior é que ele queria! Foi tudo de propósito! Você vai gostar, tenho certeza :)

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  2. Poxa que bom que gostou do livro. eu curto também, vou add no meu skoob..
    Seu blog ta cada dia melhog Gih.. obrigado pela nossa parceria..

    nao vai continuar na promo mesmo mes que vem?

    beijos


    Me visita?
    Guilherme Kunz
    http://tematoa.blogspot.com.br

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    1. Ohh Guilherme que bom que você acha isso! Eu que agradeço!
      Ah, add mesmo, ele é MUITO bom!
      :)
      Infelizmente não vou poder continuar, mas mais pra frente quem sabe né?

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  3. Ja li esse livro, e ele e um dos meus favoritos, exatamente por essa essa estranhesa...gosto de livros que quando acabo de ler fico matutando..Mas como?..por que aconteceu isso?..estou pensando em rele-lo...nao tem o que falar dele..tem que ser lido e cada um tirar suas impressoes...so sei quando se ler Perfume..impossivel nao pensar....

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    1. Exatamente! Não tem jeito de expressar, cada pessoa vai ter uma opinião diferente, mas pelo visto partilhamos da mesma: o livro é realmente maravilhoso!
      :)

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  4. Esse livro é P E R F E I T O !!!!! Li já tem uns 3 anos mas é como se fosse ontem...
    Adorei sua resenha! Conseguiu captar toda a essência do livro.
    A adaptação cinematográfica também não deixa a desejar.

    Luiza Helena Vieira
    Obsession Valley

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    1. Ai que bom que você achou isso Luíza! Fico muito feliz *--*
      Não mesmo! Principalmente no final da história, achei que ficou parecido - até demais - com o livro rsrs.

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  5. Olá Gih, eu estava louca para ler esse livro, acho que ele é totalmente o meu estilo! (Thomas Harris, Denis Lehanne...)
    Ainda não tive a oportunidade, mas é um livro bem barato e pretendo logo adquirir.
    Parabéns pela ótima resenha
    Beijos

    Andressa
    umdiaacadalivro.blogspot.com

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